Ameaça à Serra do Gandarela
- jailsonsans
- 30 de mai. de 2015
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Maria Teresa, a Teca, mudou-se para Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte, para levar uma “vida alternativa”, à beira de um santuário natural, a Serra do Gandarela. (MG) Mas, em 2006, leu nos jornais as primeiras notícias de que sua cidade abrigaria a maior mina a céu aberto do país.
Integrante do Conselho Municipal de Meio Ambiente, Teca logo buscou mais informações sobre o projeto na Fundação Estadual de Meio Ambiente e encontrou diversas tentativas de empresas de conseguir autorizações ambientais de funcionamento para mineração de ferro no local.
Uma luta até então individual se tornou coletiva quando ela se uniu a outras pessoas igualmente preocupadas com a possível destruição da região, que guarda a segunda maior área contínua de Mata Atlântica de Minas Gerais e um grande reservatório natural de água. Em 2009, moradores de Caeté, Raposos, Santa Bárbara, Rio Acima e Belo Horizonte fundaram o Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela.
As metas eram, primeiro, evitar a instalação da mina Apolo e, depois, proteger os recursos naturais por meio da criação de um Parque Nacional, que abriga cavernas com vestígios de sítios arqueológicos. Um ano depois, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) oficializou a proposta do parque, englobando parte dos municípios mineiros de Barão de Cocais, Caeté, Santa Bárbara, Rio Acima, Raposos, Itabirito e Ouro Preto.
Pedra no sapato “Em contraponto, os aliados da mineração, como o então secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Adriano Magalhães, já tinha preparado um mosaico de unidades de conservação no entorno, que excluía a Gandarela”, relatou Teca. Ainda segundo ela, a Vale quis explodir uma cava usada como toca por animais já extintos para testar minério e destruir o valor histórico do local. “Era para tirar da frente o que poderia ser uma pedra no sapato”, apontou.
Depois de uma série de consultas públicas, em 13 de outubro de 2014, foi publicado decreto presidencial criando o Parque Nacional da Serra do Gandarela, como unidade de conservação federal. Boa notícia? Não, na avaliação dos moradores: os 31 mil hectares de parque e 1.712 pontos de preservação não protegem a serra, deixam fora grande parte do patrimônio, especialmente em relação à água, e abrem espaço para a instalação das minas Apolo e Baú, conforme relatam.
“O processo desconsiderou nossa caminhada de sete anos e levou a esse monstrengo”, lamentou Teca. “O que tem nos mantido firmes é a certeza que vem da alma”. Segundo Teca, a luta continua para ter um parque nacional tal qual a comunidade exigiu e evitar que tamanho patrimônio se transforme na nova Carajás, referindo-se àquela que é considerada a maior mina de ferro a céu aberto do mundo,no Pará. (B.D.)
Fonte: Revista RADIS
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