top of page

A dor da resistência em Conceição do Mato Dentro

  • jailsonsans
  • 31 de mai. de 2015
  • 2 min de leitura

Os grossos canos que compõem o mineroduto: projeto foi anunciado à população como um 'canozinho'

"Eu não sou atingida, eu sou massacrada”. É assim que a advogada Patrícia Generoso se define, diante da resistência inglória ao Projeto RioMinas, que incluiu a construção de uma tubulação de 529 quilômetros ligando a mina da sua cidade, Conceição do Mato Dentro (MG), ao Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). O que é hoje o maior mineroduto do mundo, usado para o transporte de minério de ferro, atravessa 33 municípios mineiros e fluminenses. A cidade de Patrícia, com 18 mil habitantes e a 167 quilômetros de Belo Horizonte, estava no começo do caminho.

“A empresa responsável explicou que mineroduto era um canozinho. As pessoas na cidade achavam que seria da espessura de uma mangueira até que chegaram as máquinas para passar canos enormes”, relatou ela, que logo se engajou na luta contra a destruição do lugar. “Não tínhamos experiência de resistência, porque morávamos no paraíso”.

Era 2008 quando a Anglo American Brasil conseguiu financiamento para a obra com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), antes mesmo de obter licenças e quando a mina ainda estava em fase de estudos “porque era interesse dos governos”, na opinião de Patrícia. A licença acabou saindo, apenas com coordenadas geográficas do trajeto, impossibilitando que se compreendesse totalmente o projeto. “Não dizia nem o nome dos municípios por onde passaria, quanto mais o das pessoas que seriam atingidas”, relata.


Processo de violência


“Para aplacar a resistência, chegou à cidade uma palavra que nunca se falava: inevitável”, conta Patrícia. E não se conseguiu evitar: seu Ary passou a viver ao lado de um alojamento com 5 mil trabalhadores; dona Vilma deixou de pegar água e lavar roupas no córrego que passava perto de sua casa a água ficou com aspecto enlameado. Mais de 30 famílias precisaram conviver com o risco de morar abaixo de uma barragem de rejeitos ambientais de 85 metros de altura. A empresa de engenharia diz que é seguro, mas a comunidade tem medo de que desabe.

Conceição do Mato Dentro, que segundo ela não tem sequer escola, hoje é a cidade com mais alto índice de mães solteiras do estado. A obra do mineroduto trouxe também sucessivos registros de trabalho escravo. Os que resistiram foram criminalizados e processados, incluindo a própria Patrícia.

“Ninguém avalia o risco de não se ter mais boas perspectivas de vida, que consome a gente de uma forma que eu não consigo entender que seja possível”, observou ela, emocionada. “É um processo de violência, do qual não se sai inteira. Mas se eu não tivesse me dedicado a essa luta, não teria entendido a imoralidade disso tudo”. (B.D.)

Foto: observatório do pré-sal / Fonte: Revista Redis

veja tabém:


 
 
 

Comments


Nossa FanPage
Arquivo
Post em Destaque
Postagens Recentes
Tags

Av. Dr João Pessoa, s/n 

Maracás /BA

Rua Pricipal, s/n 

Ibicoara /BA

Ligue

Tel: (73) 99131-5576

        (77) 99115-6853

        (77) 98116-0129

 

Entre em Contato

cascapublic@gmail.com

 

 

2012 - 2015 - Todos os direitos reservados - Jailson da Silva

 

bottom of page