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Em dia de nervosismo global, Bovespa cai ao patamar de 2009 e dólar renova máxima em 12 anos

  • jailsonsans
  • 25 de ago. de 2015
  • 5 min de leitura

SÃO PAULO e RIO - A desconfiança global quanto à economia da China voltou a derrubar as Bolsas mundiais nesta segunda-feira, só que com força ainda maior que nas últimas semanas. O dia — que acabou sendo chamado de “Segunda-feira do pesadelo” pelos investidores — começou com um tombo de 8,5% na Bolsa de Xangai que se disseminou pelo resto do mundo. O petróleo recuou ao menor valor desde 2009. Em Wall Street, o índice de referência Dow Jones abriu perdendo mais de mil pontos, maior baixa já registrada durante um pregão em sua história de 120 anos. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou o pessimismo e abriu despencando 6,5%, intensidade que não se via desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Como o dólar disparava enquanto as ações caíam, o valor da Bolsa cotado na moeda americana caiu abaixo do registrado durante a crise global de 2008, voltando aos patamares de 2005.

No encerramento do pregão, o índice de referência Ibovespa fechou em queda de 3,03%, aos 44.336 pontos, o menor patamar desde desde os 44.181 de 8 de abril de 2009, quando as Bolsas globais ainda tentavam se recuperar da crise financeira. Em dólares, o Ibovespa chegou a 12.523, o menor nível desde 8 de setembro de 2005.

No câmbio, o dólar ganhou força ante as moedas de emergentes, uma vez que o preço das commodities derretia com a expectativa de um freio maior na economia chinesa. No Brasil, a moeda americana terminou o pregão cotada a R$ 3,550 na compra e a R$ 3,552 na venda, alta de 1,63% ante o real, renovando a máxima em mais de 12 anos. Esse é o maior valor de fechamento desde os R$ 3,554 de 5 de março de 2003.


— Foi um grande movimento de contágio. Um problema maior de desaceleração na China vulnerabiliza os países emergentes, que já estão frágeis e têm um peso importante para o crescimento global. E se há um problema que abale a situação dos emergentes, isso tem uma implicação nos países desenvolvidos — explicou José Mauro Delella, Superintendente do private banking do Santander.



O dólar acabou subindo contra 17 entre 24 moedas de países emergente, puxadas para baixo pelo recuo das commodities O peso colombiano perdeu 4,01%, e o rublo russo desvalorizou-se em 2,41%. Contra as dez principais moedas do mundo, porém, o dólar perdeu força, recuando 0,97% segundo o índice Dollar Spot, da Bloomberg. Isso porque a turbulência nos mercados fez cair a expectativa dos investidores de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) irá subir os juros americanos em setembro. Assim, o dólar caiu ao seu menor valor contra o euro e o iene em sete meses.

BOLSA ABAIXO DOS 45 MIL PONTOS

Na Bovespa, as perdas foram generalizadas na Bolsa. Das 66 ações do índice, 64 fecharam em queda. Apenas Natura (alta de 2,18%) e Hering (1,17%) se safaram.

As ações da Petrobras despencaram, seguindo a cotação do petróleo no exterior. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) fecharam em queda de 6,50%, cotados a R$ 7,76, e os ordinários caíram 5,43%, a R$ 8,70. Mas a cotação dos papéis chegou às mínimas de R$ 7,53 e R$ 8,35, respectivamente.

No caso da Vale, a queda foi de 7,95% nas PNs e de 7,78% nas ONs, afetada pela derrocada do preço do seu principal produto. A cotação da tonelada do minério de ferro caiu 5,03%, para US$ 53,28, refletindo as preocupações dos investidores com a China, maior consumidor global do produto.


As metalúrgicas registraram a maior queda percentual, com a Metalúrgica Gerdau caindo 12,46%, e a Usiminas, 10,42%. Depois ficaram a Oi, com tombo de 9,67%, e a Cemig, de 9.40%.

Os bancos, que possuem o maior peso na composição do Ibovespa, também caíram forte, mas em ritmo inferior ao registrado pelas empresas exportadoras de commodities. As ações do Itaú Unibanco tiveram desvalorização de 1,96% e as do Bradesco recuaram 1,76%. Os papéis do Banco do Brasil caíram 2,71%.

— Em 2008, nós tínhamos uma situação gravíssima, mas havia uma orquestração de todas as políticas globais para contê-la, com destaque para a forte atuação do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA). Assim, via-se que o problema era uma coisa pontual, que poderia ser revertida — explicou Rogério Freitas, sócio na Teórica Investimentos, que concluiu: — Hoje, há uma questionamento sobre o crescimento da China que não existia naquela época, há o fim do ciclo das commodities afetando os mercados emergentes e, no Brasil, um problema político-econômico que parece ser algo duradouro. Então a sensação hoje é que esse cenário negativo vai durar por mais tempo.

ÍNDICES EUROPEUS CAEM MAIS DE 4%

Segundo analistas, ao Bovespa saiu do “fundo do poço” dos 6,5% negativos puxada pela recuperação dos papéis nos EUA. Por volta das 14h, por exemplo, o Ibovespa chegou a cair apenas 0,95%.

— A Bovespa se recuperou no meio do pregão após a queda americana ter sido atenuada e depois que atingimos a região abaixo dos 45 mil pontos. Esse patamar tem sido importante nos últimos anos, servindo de piso. A recuperação, apesar de ainda estarmos em queda, mostra que ainda há força "compradora" em direção ao Brasil — disse Lauro Vilares, analista de renda variável da Guide Investimentos.

Mas o pregão em Wall Street registrou piora nas últimas horas de pregão, voltando a pressionar a Bovespa até o fechamento. No fechamento. o índice Dow Jones caiu 3,57%, enquanto o S&P 500 recuou 3,94% e o Nasdaq, 3,82%.

Na Europa, o índice DAX, de Frankfurt, recuou 4,70%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, caiu 5,35%. No caso do FTSE, de Londres, o recuo foi de 4,67%. No Estados Unidos, o Dow Jones cai 0,83% e o S&P 500 tem desvalorização 1,07%. Na Ásia, enquanto a Bolsa de Xangai fechara com queda de 8,5%, a Bolsa de Hong Kong recuou 5,2%, a sétima queda consecutiva; a Bolsa de Tóquio registrou baixa de 4,61%.

Com as dúvidas em relação ao crescimento da economia chinesa, e a demanda por commodities, os preços do petróleo renovam as mínimas. O barril do tipo Brent recuava 6,82%, a US$ 42,35, menor nível desde o início de 2009. O petróleo leve americano (WTI), de referência nos Estados Unidos, caía 6,23%, a US$ 37,95 por barril, também renovando as mínimas desde fevereiro de 2009.

“As bolsas de valores como um todo são, novamente, contaminadas e a saída em massa de investidores receosos com a recorrente situação de instabilidade chinesa se torna inevitável”, avaliou, em relatório a clientes, Ricardo Gomes da Silva Filho, analista da Correparti Corretora de Câmbio.


Na visão de investidores, o governo chinês não sinalizou com apoio suficiente para o mercado acionário no país, embora pela primeira vez os fundos de pensão tenham sido autorizados a investir em ações. Apesar disso,

— Um desaquecimento acentuado na segunda maior economia do mundo tende a trazer impactos relevantes sobre o preço das commodities, com efeitos danosos sobre os países emergentes, em especial os exportadores como o Brasil — explica Marco Aurélio Barbosa, estrategista da CM Capital Markets. Além disso, investidores e economistas estão com dúvidas sobre a real desaceleração da economia chinesa, acreditando que ela pode ser mais acentuada do que o divulgado pelo governo de Pequim.

INDICADOR DE RISCO CHEGA A MAIOR VALOR DESDE 2009; JUROS FUTUROS DISPARAM

O mau humor também impactou as taxas dos contratos futuros de juros, os DIs, que dispararam em todos os vencimentos indicando pessimismo dos investidores com a perspectiva futura. O contrato com vencimento em janeiro de 2017, avançou 260 pontos-base, subindo de 13,81% para 14,07%. O contrato mais curto, com vencimento em janeiro de 2016, teve alta de 70 pontos-base, para 14,25%, enquanto o com prazo em janeiro de 2021 avançou 230 pontos, a 13,90%. Essa forte volatilidade nos juros fez com que o Tesouro Nacional, pela manhã, suspendesse os negócios no Tesouro Direto.

Tanto pessimismo refletiu também no Credit Default Swaps (CDS) referente ao Brasil, que é uma espécie de seguro contratado pelos investidores de títulos soberanos e representa, na prática, uma medida de percepção de risco. O CDS brasileiro com vencimento em cinco anos saltou de 332 para 364 pontos, o maior patamar desde 2009, segundo dados da CBIN compilados pela Bloomberg.


 
 
 

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